sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

MUITO PRAZER, CHARLES BUKOWSKI!


Bukowski, (escritor estadunidense),quando jovem, tomou uma bebedeira de três dias com um amigo.Acordou na cadeia sem saber como chegara lá.

Julgado, foi condenado a 10 dias de cadeia ou 30 dólares de fiança. O pai pagou.

Indo para casa, o pai lhe passava uma tremenda descompostura:
- Você é a vergonha da família, vai matar a sua mãe..... (e outras abobrinhas.)

 Nisso passaram em frente a um bar e ele teve a cara de pau de convidar o pai:
-Vamos tomar umas cervejas!

 O pai ficou possesso:
-Não acredito que estou ouvindo isto!

(M. Revolti, ao reler  o segundo livro de Charles Bukowski - FACTOTUM, de 1975)



quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O DESEJO INCONSCIENTE DA TRANSGRESSÃO


O proibido atrai.

Doce, o pecado, não assim o seria se proibido não fosse.

Jack Kerouac:  "O  bom uso da transgressão depende do conhecimento da regra. "

Inerente, tácita e sedutora, a transgressão no desejo inconsciente: ir.

Mas assim como toda nudez, toda transgressão será castigada.

Trans-agredir?

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O TEMPO E O IMPREVISTO



A mocinha, linda,  perguntara ao mocinho, Nerd:

-Estou em uma fase de procura, diria que entre o passado e o presente, isto porque ambos não me pertencem. Sendo que o passado é uma roupa que não me serve mais, o presente ainda é confuso e desconfortável. Assim espero o dia em que consiga decidir, ou quem sabe o dia que eu descubra qual  meio é meu lugar. Pra onde vou?

O mocinho, Nerd-sem-óculos respondera:

-Inconclusos por natureza, esta transição é saudável. Está no caminho certo: no momento em que nos acharmos definidos e nos acomodarmos, vem a  estagnação espiritual.

Assim, não atire ao lixo a roupa velha do passado. Guarde-a. Dos momentos nebulosos, tire as experiências. Dos bons momentos, relembre-os diariamente, afinal as melhores coisas acontecem  sem planos, desde o reencontro com um antigo amigo ao desejo avassalador, ao amor,  que pode acontecer de súbito em um lugar inusitado e inesperado.


segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

A FESTA ACABOU


Nadir Preto tinha como profissão a Folia de Santos Reis: era o Palhaço.

Estava cabisbaixo. A Tradição acabara. Não haveria a festa de Reizado no 06 de janeiro para ele beber mais que nos dias comuns.
Não haveria crianças  para as espadadas de sempre.
Não veria a bandeira, não ouviria a canção, não dormiria ao relento.

E agora Nadir? A festa acabou.

Restava beber todos os dias como fosse dia santo.Um gole ao do dia no chão do bar que era agora, sua única casa.


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

EROS NO AMOR CONSUMADO



A impossibilidade de viver o amor, de sentar nos bancos por aí e conversar e fazê-la  rir. De dizer coisas  santas, outras nem tanto e ver você mordendo os próprios lábios, olhando para os lados na timidez e na vergonha de alguém ouvir: o  desejo,  olhos brilhando, sorriso contido.

Não esperar nada e querer tudo.
Não querer nada e esperar tudo. 

O gosto do Deus Baco pelo corpo. Eros no amor consumado a qualquer hora, em qualquer lugar. Amor tirano, insano,  do tapete de chão áspero e frio a maciez das nuvens que vimos outro dia.  Da adrenalina (nos recantos em penumbra, por onde a poucos passos passam as pessoas) a  aqui dentro onde o amor acontece.

Dos gostos, das sensações, da despedida, do não não querer ir.

O amor pode ser impossível,  impreciso, mas sempre graciosamente imprevisto. Acontece.


terça-feira, 23 de dezembro de 2014

O FRACASSO DA LÍNGUA AO DESCREVER A REALIDADE


Contar uma história, um fato, um acontecimento é criar uma ficção. Escrevê-la, mais ainda.

Do escritor Italo Svevo (1861-1928): "Uma confissão escrita é sempre mentirosa"

Porém, "nenhum metal pode perfurar o coração com tanta força quanto um ponto final no lugar certo". Palavras de Isaac Babel, (1894-1940), escritor russo.

Assim, um e-mail, uma carta de amor é sempre  uma ficção. Mesmo  assim teimamos em acreditar em tudo o que esta escrito.

Fracasso da língua e da percepção do ser humano.
Ao amor  cego, surdo e deliciosamente analfabeto.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

EM AMSTERDÃ


Este é o  poema que a plenos pulmões recitarei para as 
Tulipas em Amsterdã, depois da 5º Heineken sorvida:

“A força que impele a água através das pedras impele o meu rubro sangue; a que seca o impulso das correntes deixa as minhas como se fossem de cera.E não tenho voz para que os lábios digam às minhas veias como a mesma boca suga as nascentes da montanha.”


(Do Poeta inglês Dylan Thomas, boêmio, partiu aos jovem, em 1953.)